sábado, 22 de janeiro de 2011

Na Avenida Indianópolis..

Todos os dias, por volta das sete da noite aquela mulher começava a se arrumar.
Nos dias de frio, colocava um casaco preto que chegava até o joelho e uma bota salto 15, com muitas fivelas. Por baixo dele? Calcinha e sutiã.
Nos dias de calor, tudo dependia. Geralmente ela usava uma das várias saia curtas de couro, fazendo conjunto com qualquer blusinha decotada e chamativa que ela achava no guarda-roupa dela. O sapato era o de menos. Desde que fosse de salto, estava ótimo.
Fazia sempre uma maquiagem forte, não faltava delineador e rímel em seus olhos. As sombras eram sempre coloridas. O batom? Vermelho. Sempre vermelho. 
Já estava na hora de sair. Ela pegou sua pequena bolsa, e dentro, colocou sua identidade, um pequeno canivete, algumas notas de baixo valor caso precisasse de alguma coisa.
Trancou a porta e se preparou para descer os três andares. Na escada não faltavam baratas mortas, cheiro de maconha, paredes mofadas e pichadas.
Ela desceu e enfim saiu daquele prédio horrível.
Andou por 15 minutos e chegou em seu local de trabalho.
Av. Indianópoplis, nove horas da noite.
Suas amigas estavam lá. Estavam SEMPRE lá. A vestimenta era sempre parecida, e o preço também.
Não faltavam travestis, loiras, morenas, ruivas, gordas, magras.. Lá tinha todo tipo de mulher.

O primeiro carro estacionou na frente dela. Era um celta, aparentemente velho:
- Quanto custa?
- R$50,00 meia hora.

E foi assim praticamente com todos os homens que ela atendeu, mas quando um chegava com um carrão, ela cobrava R$80,00 por meia hora.

Já era tarde da manhã, e ela estava terminando seu trabalho com o décimo segundo homem.
Ela já não aguentava mais. Estava sentido nojo daquele cara.
Enfim, ele terminou e ela pôde ir embora.

Ela foi embora daquele motel de esquina, andou por alguns minutos, entrou em uma loja onde todos a olharam torto.
Pagou o que havia comprado, saiu da loja e andou por mais algum tempo e finalmente chegou no prédio onde morava.
Subiu as escadas, abriu a porta.
A garota estava lá, como sempre sentada no sofá velho e vendo TV.

-Filha, comprei a boneca que você queria. Feliz Aniversário.



-Larissa de Freitas

18 comentários:

  1. rsrs até a ultima frase eu estava pensando outra coisa.... rss
    Parabéns! você sabe prender a atenção...

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  2. Gostaria mais se nao fosse por um detalhe, faltou o cafetao. pq se ela trabalha todo dia com media de 12 homens sao 600 pratas por dia, nao precisava morar num chiqueiro, mas se tivesse um cafetao q ficasse com a maior parte ou algo assim justificaria a miseria da vida dela

    otimo blog

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  3. parabéns, você tem jeito com as palavras

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  4. Mas não necessariamente ela atendia 12 homens por dia. Esse dia ela ficou com mais pra comprar a boneca da filha! =)

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  5. Muito bom o post! Gosto de textos com detalhes! =D
    li sua entrevista no blog Na Mira e me chamou atenção, vim até seu blog e gostei muiito!
    estou te seguindo!
    se tiver tempo passa la no meu pra dar uma olhadinha!

    deunatellha.blogspot.com

    beijos!

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  6. Muito bom hahahaa , eu tava pensando besteira antes da ultima frase , muito bom o texto . vou dar mais uma olhada em outros post


    http://blog-do-binao.blogspot.com/

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  7. Caramba que otimo... adorei... vc escreve bem... chamou minha atenção ... Change Feelings

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  8. Fora das 4 paredes que nos protegem há gente que precisa purgar-se dos valores para sobreviver e quem saber vir a ensinar a outrem o que de fato seria a vida.Já fiz uma postagem parecido com a sua uma vez, caso se interesse:


    http://tetodeorates.blogspot.com/2010/10/nao-se-resumiu-aos-dois.html

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  9. nossa esse texto eh realmente excelente
    muito bom mesmo e principalmente o blog
    muito show ^^

    http://thetronics.com.br

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  10. Nussa! essa é a realidade da vidas das prostitutas. Vc escreve muito bem a amei seu blog!!
    passa láo meu flor?
    http://oicarolina.wordpress.com/
    bjs

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  11. Hey, te achei na comut do orkut.

    Visite o meu blog www.umsouniverso.blogspot.com
    me siga que eu te sigo também.

    beijos!

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  12. oi, tem um selo pra você no meu blog
    se estiver interessada...
    http://yoshigarage.blogspot.com/

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  13. Adorei seu blog, esse texto tá otimo. Seguindo.

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  14. o que uma mãe faz pelo sorriso de um filho

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  15. Estou apaixonado pelos textos da Láh :D

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  16. Você pensa exatamente como eu em relação à prostituição. Acho que sempre há um outro lado da história. Existem sim mulheres que se prostituem sem necessidade, mas há também aquelas que não encontram um outro modo de sobreviver.
    E, sinceramente, não acho que seja uma profissão indigna, pena qe o mundo é muito hipócrita pra tentar enxergar além.

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  17. É ... uma história bem inusitada.
    E reflexiva também ... me fez pensar até onde podemos julgar as pessoas pelo que elas fazem. Certamente, muitas pessoas fazem isso por falta de opção, de qualquer forma, seu texto está ótimo. [como sempre ;)]

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  18. Isso pode realmente ser chamado de uma obra. Gostei.

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